22 de maio de 2010

Luisa

Tens de ser forte. Tu superas. A dor acaba por passar. Ela vai estar sempre contigo.

Já lá vai algum tempo, e certo é que todos os dias te levo uma flor, que todos os dias te continuo a pedir conselhos, que todos os dias deixo cair uma lágrima que reflecte dor, que reflecte saudade. Não é a chuva nem o vento as causas das lágrimas que correm pela minha cara abaixo, mas sim o espaço vazio que deixaste naquela casa, que deixaste nos nossos corações. Viste-me crescer, deixaste-me cair e ensinaste-me a levantar. Ensinaste-me a pintar e a somar. Ensinaste-me a chorar e a amar. Deste-me enormes abraços, mil beijos por cada sesta, por cada regresso a casa, por cada chegada. Mas acima de tudo, soubeste ser a mãe de que eu sentia falta, soubeste ser a única pessoa que me ouvia, até ao mais íntimo pormenor, sem nunca me julgares, sem nunca me deixares sem uma palavra sincera.

Agora, deixaste-me quando eu mais precisei de ti. Vejo-me obrigada a procurar um cemitério para estar junto a ti, para gritar tudo o que me destrói. Não me podias ter deixado, nem agora nem nunca. Todas as tuas promessas, todos os teus incentivos, todas as tuas palavras ainda ferem sempre que as recordo, sempre que vejo tudo de ti em mim.

Prometi-te completar o meu curso, prometi-te ser feliz ao lado dos que amo e prometo-te ainda que não vou quebrar nenhuma das nossas promessas porque sei que mesmo que não estejas fisicamente comigo também não as vais quebrar. Vou te continuar a chamar mãe e vou sempre, sempre continuar a agradecer todos os valores com que me educaste e todo o amor com que me criaste.


(A diferença entre esta senhora e a minha mãe biológica é que a primeira não me carregou no ventre)

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