23 de outubro de 2012

Claro que não!


"Não vale a pena fechares a janela. Não vale a pena. Sempre que passo à tua janela, vejo-te acenar. Vejo o meu coração na tua mão: a acenar-me. Amo-te, mas não quero amar-te. Vejo-te, mas não quero ver-te. Os meus tendões contraem-se uns contra os outros de forma caótica. A minha carne – tu – esmaga-se contra os meus ossos. Dóis.  Hoje dóis muito.  E vão passar meses e anos e tu continuarás a doer. Ninguém desaparece do corpo de ninguém. Ninguém se apaga do coração de ninguém. Vivemos marcados pelos estigmas do nosso coração. Eu e tu, tu e eu. Ontem perguntaram-me se era capaz de voltar para ti. Respondi

-Claro que não!

Com toda a convicção do mundo. É estranha esta forma que temos de mentir aos outros quando falamos dos dilemas do coração. É estranha a forma como nos mentimos sempre que o assunto são os dilemas do coração. A verdade é que quero seguir em frente. A verdade é que seguindo em frente tu não estarás. Hoje não estás; amanhã não estarás; depois de amanhã não estarás. A tua janela continua no mesmo sítio, mas tu não. O meu coração continua no mesmo sítio, mas tu não. "

(texto completo em http://pedrodrigues.blogspot.pt)

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